terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Vem


Deixa eu bater na máquina uma carta de amor bem melodramática e colocar aquela nossa foto junto, presa com o mesmo clipe colorido que você prendeu o número do seu telefone na minha agenda. Deixa eu lembrar de todas as vezes que rabisquei num pedaço de papel qualquer lembrando de você, pensando em você. De todos os nossos sorrisos, das mãos dadas, do primeiro beijo, do primeiro olhar. Quero guardar sempre comigo o formato do seu rosto, o seu cabelo curto, o seu nariz de boneca e suas sobrancelhas arqueadas. O seu All Star vermelho que me faz lembrar a "música do All Star Azul. Hoje me peguei cantando "o seu All Star azul combina com o meu preto de cano alto". Vermelho e azul pareciam iguais... Você me faz querer fazer todas as combinações possíveis. Tudo em parzinho. Eu abro o meu guarda-roupas e romantizo até minhas cuecas. Eu me tornei um bobo, como você me chamava ao mesmo tempo em que me acariciava com essas mãos cheias de dedos com unhas roídas.
Até hoje eu não sei porquê ainda não te encontrei. Eu te fiz tão perfeita aqui, na minha cabeça. Tenho medo de pensar que você não existe. Então, prefiro a fantasia. Prefiro pensar que Deus te criou também e que você está em algum lugar, criando um eu na sua cabeça. Esperando por mim como eu espero por você. E eu vou continuar esperando porque só você tem o encaixe perfeito pro meu coração. Vou continuar inventando histórias da nossa vida e acreditando nelas.
Vamos deitar no sofá e escutar nosso disco até a agulha arranhar o vinil. Vamos inventar um mundo só nosso.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Aos corações

Coragem!
Afinal de contas, vocês já passaram por muita coisa até aqui.
Sentiram, sofreram e, principalmente, cumpriram seu maior ofício - que, biologicamente, é o de bombear sangue, mas que, para os poetas, é o de amar. Sei que algumas vezes foi muito difícil. Para alguns, continua sendo. Mas, qual o significado, a sua grande "missão" no mundo se não for a de amar?
Eu acho que, às vezes, muitas vezes, vocês são meio burros. Batem rápido demais por quem não deveriam, se quer, pulsar. Depois vocês caem em si, como bons corações que são, e sobrevivem a esse coração que não acelerou de volta.
Da primeira vez, passa. Da segunda, também. Da terceira, surpreendentemente, passa também. E, nós, meros corpos que vos abrigam, vamos sendo guiados, às cegas, por vocês. Mas chega uma hora que vocês vão parando de sentir. Parece que dão defeito. Ficam calejados depois de tantos corações que não bateram de volta. Aí vocês se arrependem de bater também. Só batem por sobrevivência. E a nossa vida parece ficar morna. Sem sal. Sem graça.
Coração, aprenda a bater por você mesmo. Não coloque sob a responsabilidade de outrem aquela que é só sua.
Nós, corpos, - tão dependente de vocês -  temos o dever de sermos felizes por nós mesmos.
Espero que, algum dia, vocês sejam mais cautelosos e menos impulsivos. Nós sofreríamos menos. Mas, eu peço, por favor, antes de tudo, que mesmo diante de tantas adversidades, mesmo diante de um mundo onde quase não valha mais a pena amar: não parem de sentir! Porque é o sentimento que nos move. Mesmo que ele seja dilacerador, que nos jogue no chão, com ele, nós saímos do lugar e aprendemos a levantar. E o aprendizado nos torna mais fortes. E eu quero ser mais forte. Até o dia em que você acelere pra um coração que vai acelerar de volta.

domingo, 5 de fevereiro de 2012