sábado, 2 de fevereiro de 2013

Mais uma xícara, por favor

Senta aqui e ouve o que eu tenho pra falar.
É importante.
Pra você, pros outros, pode ser um monte de ladainha, "conversa pra boi dormir".
Mas, pra mim, é importante.
Tem alguns anos que venho tentando dizer todas essas coisas que estão aqui dentro. Elas estavam quietinhas, dormindo, abandonadas num canto qualquer dentro de mim.
Agora, elas estão cada vez mais urgentes, mais desesperadas.
Pega uma xícara, bebe um café. Fica à vontade. Sinta-se em casa.
Não precisa fazer cerimônia, falar certinho. Se quiser, tire os sapatos, descanse os pés.
É que eu estou farto dessa formalidade toda. Desses eufemismos que a gente põe pra enfeitar nossos deslizes. Os meus erros estão todos aí, espalhados pelo chão. Como fagulhas acesas de um passado não tão distante. Ameaçando um incêndio a qualquer momento.
Não sei quando é que tudo começou. Eu poderia romantizar, dizer que foi numa linda tarde de primavera em novembro de 2003. Mas seria uma mentira! E eu não gosto de emocionalismo barato.
Só sei que era jovem demais pra entender tudo o que estava acontecendo. Pra entender o que eu, até hoje, não entendo.
Quando é que nós começamos a amar?
Sabe, pra mim, o amor sempre foi uma "coisa" muito difícil. Já estou acostumado a ver as pessoas namorando, terminando e voltando e eu, bem... e eu sendo coadjuvante da estória de amor dos outros! Até já estava acostumado com esse papel. Mas é que, de repente, cansei de fazer sempre a mesma cena, o mesmo texto, o mesmo drama.
Você me conhece bem e sabe que eu não estou exagerando.
Eu estou tão cansado desse drama todo. De toda irrelevância, toda invisibilidade que parece me rondar quando falamos de amor.
Senta e me escuta um pouco. Não precisa dizer nada. Só ouve.
Bebe um café comigo que hoje eu já cansei de falar sozinho.