sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Relato póstumo de quem já disse adeus

Voltar atrás... Quantas vezes já foi preciso?!
Hoje, decidi dar o adeus definitivo. Não só a esse espaço, mas a uma vida que vivi até agora e só me trouxe infelicidade. Hoje eu enterro, de uma vez por todas, a pessoa que fui e inauguro um novo eu. Morre o menino e nasce o homem. Decidi ser menos passional com a vida. Tomar as rédeas, traçar os rumos. Sem enfeites ou fantasias. Sem que as emoções tomem dimensões maiores que a razão.
Foi-se aquele louco apaixonado, romântico, ingênuo com a vida e em relação às pessoas.
Da ultima vez, disse que estava passando por um processo doloroso, mas necessário. Mais que necessário, urgente. E, agora, cheguei na etapa mais importante: o enterro. Hoje eu abandono exatamente tudo o que fui e nasço outra vez. Forte e confiante. Só espero que reste, ainda, um pouquinho de doçura.


sábado, 13 de julho de 2013

Um fim é sempre Um Novo Começo

(texto dedicado à todas as pessoas que, apesar de tudo, acreditam em si mesmas)

Já disse isso uma porção de vezes por aqui: eu não sei mesmo se alguém vai estar lendo o que escrevo. Nunca fui bom com números. E, na verdade, isso não me importa. Não escrevo para ninguém além de mim. Às vezes volto aqui e começo a reler coisas, reviver coisas, aprender. Lembro bem que quando decidi criar um blog, resolvi criar uma página onde pudesse desabafar, pôr pra fora tudo aquilo que me sufocava. Sem enfeites. Sem querer mascarar qualquer coisa ou posar de intelectual, ou fazer gênero. E sempre foi assim. Esse espaço, sempre foi a foz do rio da minha vida com o mar dos meus sentimentos. Meus sentimentos sempre foram (e são!) mar: forte, revolto, imprevisível. Mas, chega uma hora na vida da gente, onde a gente precisa de calma e serenidade. E eu preciso. Preciso urgentemente pôr as coisas no lugar, em ordem. Preciso encontrar aquele espaço de equilíbrio, onde eu possa fechar os olhos e sentir paz (na consciência, no coração, na alma). Não sei se todos vocês (ou quem quer que esteja lendo) já passaram por isso, mas, eu estou em processo de mudança: de mente, de vida. Estou amadurecendo, de dentro pra fora. É um processo doloroso, porém extremamente necessário, de desapego e abandono de muitas coisas que atrapalham nossa evolução enquanto seres humanos. Acredito que nós evoluímos quando decidimos melhorar. E eu estou disposto. Mais que isso, eu estou determinado. Cansei de ficar "à toa na vida, vendo a banda passar". Estou muito cansado de tudo. A vida está cansativa, morna, sem gosto. Eu preciso desse tempo de luta comigo mesmo para simplesmente sair do meu comodismo e viver. Viver de verdade: com vontade e intensidade. Tenho a imensa sensação de que a vida está passando por meus olhos sem que eu viva. E, pra isso, vou abandonar, pelo menos por um tempinho, qualquer outra vida que não seja a real.

Talvez, um dia, eu volte, mas não pra cá. Mudar faz parte da mudança. Se eu voltar, vai ser pra outra vizinhança e, talvez, quem sabe, a gente até se encontre por lá...

Deixo vocês com o mestre Cartola que sempre consegue traduzir, em poesia cantada, o que sinto:



"Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar..."

Um abraço!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Intimidade

Quero cochilar com você numa rede em dia de domingo com céu nublado
Beber suco de acerola tirada do pé.
Pode por açúcar, querida. Pra quê adoçante quando somos lindos vestindo 44?
Eu quero desenhar você enquanto estiver distraída
Ajeitar seu cabelo quando vento bagunçar
Limpar o cantinho da boca, quando você nem notar.
Quero te amar com gostinho de vida boa
de tempo que não passa
de música que a gente dança mesmo sem dançar.
Quero descansar em você, meu aconchego
A gente pegando fogo com cheirinho de chuva.
A vida passa e a gente fica,
o mundo acaba e a gente vive. Vive rindo, vive bem.
Quero apenas que você sempre me ame
e eu prometo sempre te amar também.

sábado, 18 de maio de 2013

Maturidade

Escrevi seu nome na parede do meu quarto pra me acostumar com a presença dele, sem que me provoque qualquer reação não natural.
Pra eu me acostumar com a ideia de que você é uma pessoa normal, que eu idealizei.
Pra aceitar que você simplesmente nunca esteve proporcionalmente interessada em mim como eu em você.
Porque eu decidi que não vou alimentar nenhum desgosto mais nessa vida.
Jurei pra mim mesmo que eu não vou mais brigar, me esconder, me anular.
Eu vou ser feliz independente de qualquer pessoa e situação.
Já comecei a me acostumar com o seu nome na minha parede, como quem se acostuma com um detalhe na paisagem que encara todos os dias pela janela do ônibus. E você se tornou um detalhe, que eu prefiro lembrar como bonito, de uma paisagem que já passou. Hoje, são outros céus...

O que passou... passou!

Eu estou em branca paz, feliz e liberto. Não livre do amor, mas livre da imaturidade. Sabendo que outras situações parecidas podem ocorrer outras tantas vezes, mas a maneira como eu vou encará-las, COM CERTEZA, nunca mais, será a mesma.
Isso é o que eu chamo de maturidade: aprender em amor, com o amor, sobre o amor.

sábado, 11 de maio de 2013

Não sei dizer

Muitas vezes, mesmo com o coração gritando, não sabemos o que falar.
Não conseguimos por em palavras tudo aquilo que estamos sentindo.
Há muito tempo venho guardando cicatrizes tão profundas que acho que elas estão indizíveis.
Eu não aguento mais sufocar as palavras dentro de mim.
Tenho uma tristeza tão forte, tão grande, tão... minha!

Estão todos rindo na cozinha e meu coração, no quarto, urrando de dor.
Às vezes choro, às vezes finjo que estou rindo também...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sobre o mar

[imagem retirada de: andersonribeiro18.blogspot.com.br]

Numa daquelas tardinhas preguiçosas
sobre o mar
uma canoa canoava 
À frente, só uma imensidão de águas
e o sol, em despedida, abraçava o céu
sobre o mar
A gente se amava
com o balançar das ondas
sobre o mar
E o doirado de fim-de-tarde
não parecia acalmar nossos corpos acesos,
nossos beijos (que beijos!)
sobre o mar
Às vezes revolto, forte, atroz
não parecia nem incomodar
os carinhos que trocávamos
sobre o mar
Caiu a noite
e nós ainda estávamos lá
sobre o mar
Não quero ir embora,
lugar melhor não há
A vida é muito mais bonita
sobre o mar

quarta-feira, 27 de março de 2013

como se eu soubesse

como se eu soubesse alguma coisa nessa vida,
me arrisco escrever sobre sentimento
metido que sou, exponho o meu ridículo
achando que, talvez, a tragédia esconda alguma beleza
atrevido, atiro verdades
comedido, mostro a cara no que escrevo
não tenho necessidade de reconhecimento
tenho necessidade de sentimento compartilhado
de delicadezas genuínas,
de gente!
de inocências que talvez só existam em livros
de músicas que já não se cantam mais
de abraços que nunca dei
de gente que não conheci e já morreu
daquela história que me contavam e já não contam
porque perdeu a graça e o sentido: eu já cresci!
mas, às vezes, sou aquela mesma criança ansiosa
que não consegue dormir sem historinha
o leão que ruge durante o dia e gatinho que ronrona durante a noite
desequilibrado, carente, feroz
tão prepotente que até se dá licença poética!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Mais uma xícara, por favor

Senta aqui e ouve o que eu tenho pra falar.
É importante.
Pra você, pros outros, pode ser um monte de ladainha, "conversa pra boi dormir".
Mas, pra mim, é importante.
Tem alguns anos que venho tentando dizer todas essas coisas que estão aqui dentro. Elas estavam quietinhas, dormindo, abandonadas num canto qualquer dentro de mim.
Agora, elas estão cada vez mais urgentes, mais desesperadas.
Pega uma xícara, bebe um café. Fica à vontade. Sinta-se em casa.
Não precisa fazer cerimônia, falar certinho. Se quiser, tire os sapatos, descanse os pés.
É que eu estou farto dessa formalidade toda. Desses eufemismos que a gente põe pra enfeitar nossos deslizes. Os meus erros estão todos aí, espalhados pelo chão. Como fagulhas acesas de um passado não tão distante. Ameaçando um incêndio a qualquer momento.
Não sei quando é que tudo começou. Eu poderia romantizar, dizer que foi numa linda tarde de primavera em novembro de 2003. Mas seria uma mentira! E eu não gosto de emocionalismo barato.
Só sei que era jovem demais pra entender tudo o que estava acontecendo. Pra entender o que eu, até hoje, não entendo.
Quando é que nós começamos a amar?
Sabe, pra mim, o amor sempre foi uma "coisa" muito difícil. Já estou acostumado a ver as pessoas namorando, terminando e voltando e eu, bem... e eu sendo coadjuvante da estória de amor dos outros! Até já estava acostumado com esse papel. Mas é que, de repente, cansei de fazer sempre a mesma cena, o mesmo texto, o mesmo drama.
Você me conhece bem e sabe que eu não estou exagerando.
Eu estou tão cansado desse drama todo. De toda irrelevância, toda invisibilidade que parece me rondar quando falamos de amor.
Senta e me escuta um pouco. Não precisa dizer nada. Só ouve.
Bebe um café comigo que hoje eu já cansei de falar sozinho.