domingo, 29 de novembro de 2015

DAS DECLARAÇÕES QUE EU PODIA TER FEITO

Eu entro com os pés descalços no jardim vasto e florido da sua alma. Eu não temo os espinhos que aparecem de vez em quando. Mais vale o frescor da grama verde entre os dedos. Mais vale apreciar a paisagem com todos os sentidos que posso. Eu respiro você. Eu danço a música do seu corpo, no compasso de cada batida do seu coração. Quando a gente se esbarra, por acaso, num lugar qualquer, meu peito respira aliviado, qual uma criancinha perdida que encontra o abraço de sua mãe. Mas nosso amor não é materno: ele tem sexo, ele tem fogo, ele tem pele e beijos e corpo. Quando me perguntam como vejo meu futuro, ele é sempre assim: nós dois juntinhos, num ninho, com tudo isso que somos quando estamos juntos, nada mais.

domingo, 1 de novembro de 2015

DESENCAIXE

Na ordem das coisas mais sutis dos meus sentimentos
Na candeia da sabedoria que ilumina meus versos quase-sempre tortos
Na alquimia que as palavras tem e trazem a cada grito de amor que gritam em rima:
Eu des-rimo! Me recuso! Contra-verso!
Tenho medo de fincar minhas toiceras na gleba infértil da pseudo-intelectualidade
Nessa sabedoria rasa, que chamo de burra
Essa gente que se iguala, que é nula
Tenho pavor de mediocridade até nas mais pequeninas coisas
Não dá e não quero fazer o corte vertical pra separar sentimento de racionalidade
Pra mim, só funcionam agarradinhos, fazendo amor
Como sujeito e predicado, namorada e namorado
Que se encaixam numa (pre)posição